Excertos da Bula "INEFFABILIS DEUS", do Papa Pio IX, que proclamou o Dogma da Imaculada
Conceição, dado em Roma, em 8 de dezembro de 1854.
43.
A nossa boca está cheia de alegria e os Nossos lábios de exultação, e damos e
daremos sempre as mais humildes e as mais vivas ações de graças a Nosso Senhor
Jesus Cristo, por nos haver concedido a graça singular de podermos, embora
imerecedor, oferecer e decretar esta honra, esta glória e este louvor à sua
Santíssima Mãe. E depois reafirmamos a Nossa mais confiante esperança na
beatíssima Virgem, que, toda bela e imaculada, esmagou a cabeça venenosa da
crudelíssima serpente, e trouxe a salvação ao mundo; naquela que é glória dos
Profetas e dos Apóstolos, honra dos Mártires, alegria e coroa de todos os
Santos; seguríssimo refúgio e fidelíssimo auxilio de todos os que estão em
perigo; poderosíssima mediadora e reconciliadora de todo o mundo junto a seu
Filho Unigênito; fulgidíssima beleza e ornamento da Igreja, e sua solidíssima
defesa. Reafirmamos a Nossa esperança naquela que sempre destruiu todas as
heresias, salvou os povos fiéis de gravíssimos males de todo gênero, e a Nós
mesmos tem livrado de tantos perigos que nos ameaçam. Confiamos que ela queira,
com a sua eficacíssima proteção, fazer com que a nossa Santa Madre Igreja
Católica, superando todas as dificuldades e desbaratando todos os erros,
prospere e floresça cada dia mais no meio de todos os povos e em todos os
lugares, "do mar ao mar, e do rio até aos confins da terra", e tenha
paz, tranqüilidade e liberdade completa; que os culpados alcancem o perdão, os
doentes a saúde, os tímidos a força, os aflitos a consolação, os periclitantes
o auxílio; que todos os errantes, dissipada a névoa da sua mente, voltem ao
caminho da verdade e da justiça, e haja um só aprisco sob um só Pastor.
44.
Escutem as Nossas palavras todos os caríssimos filhos Nossos e da Igreja
Católica, e com sempre mais ardente fervor de devoção, de piedade e de amor
continuem a venerar, a invocar, a suplicar a beatíssima Virgem Maria Mãe de
Deus, concebida sem o pecado original, e com toda confiança recorram a esta
dulcíssima Mãe de misericórdia e de graça, em todos os perigos, em todas as
angústias, em todas as necessidades, em todas as dúvidas e em todas as
apreensões. De feito, não pode haver lugar para temor ou para desespero quando
ela é a nossa condutora e a nossa protetora, quando ela nos é propícia e nos
protege; pois que ela tem para conosco um coração materno, e, enquanto trata os
negócios que dizem respeito à salvação de cada um de nós, é solícita de todo o
gênero humano. Constituída por Deus Rainha do céu e da terra, e exaltada acima
de todos os coros dos Anjos e de todas as ordens dos Santos, ela está à direita
de seu Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, e com as suas poderosíssimas
preces de Mãe suplica; acha o que procura, e não pode ficar frustrada.
45.
Enfim, para que esta Nossa definição da Imaculada Conceição da beatíssima
Virgem Maria possa ser levada ao conhecimento da Igreja universal,
estabelecemos que, como perpétua lembrança dessa definição, fique esta Nossa
Carta Apostólica, e ordenamos que às suas transcrições ou cópias, mesmo
impressas, contanto que subscritas por mão de algum tabelião público e munidas
do selo de algum dignitário eclesiástico, se preste absolutamente a mesma fé
que prestaria à presente, se fosse exibida ou mostrada.
Ninguém,
portanto, se permita infringir este texto da Nossa declaração, proclamação e
definição, nem contrariá-lo e contravir-lhe. E, se alguém tivesse a ousadia de
tentá-lo, saiba que incorre na indignação de Deus onipotente e dos
bem-aventurados Pedro e Paulo, seus apóstolos.
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